miércoles 12 de marzo de 2025
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Os verdadeiros criminosos: invasões, roubos e assassinatos na ficha dos EUA

Sao Paulo (Diálogos do Sul Global): Trump, o Presidente-criminoso já condenado dos EUA, ameaça deportar ou enjaular em locais de tortura e assassinatos, como na base militar de Guantânamo, mais de um milhão de imigrantes. A porta-voz da Casa Branca diz em entrevista coletiva que todo imigrante ilegal “já é um criminoso”.

Por Carlos Russo Jr

A política anti-imigratória dos Estados Unidos, que ameaça adquirir a força e a abrangência da política nazista de “Limpeza Racial”, que conduziu ao Holocausto dos Campos de Concentração e Extermínio judeus, ciganos e inimigos políticos, atinge centenas de milhares de famílias de paupérrimos trabalhadores mexicanos (assim como as de diversos países desconstruídos da América Central e do Sul).

Acontece que, historicamente, existe uma série de fatores que, ao mesmo tempo em que propiciaram, por um lado, a riqueza e a pujança da economia americana, por outro atuaram para que a pobreza e a decadência de diversos países se perpetuassem e se agudizassem perante o imperialismo neoliberal triunfante.

Estes fatores têm suas raízes em meados do século 19 e se estendeu por todo o século 20. Acentua com toda a correção intelectual norte-americano Edmund Wilson, autor de “A Sangreira Americana” (1961), que os americanos e sua mídia sempre chamaram de imperialismo os avanços sobre os países vizinhos da antiga Prússia, da Alemanha, da Turquia e, principalmente, da antiga URSS:

“Todavia nos é difícil reconhecer que somos um país devorador, e que a linguagem que utilizamos é feita para enganar. Se quisermos realmente entender o tipo de papel que desempenhamos, teremos que olhar para trás e tentar ver objetivamente quais foram, no passado, nossas tendências e nossas práticas. ”

Os Estados Unidos da América iniciaram sua expansão colonialista imediatamente após a expulsão dos ingleses. Compraram, logo a seguir, a Louisiana dos franceses e a Flórida dos espanhóis.

No Texas, parcela do território pertencente ao México e sob o domínio espanhol, os norte-americanos iniciaram a invasão colonizadora. Quando o México se torna independente, os US tentam comprá-lo, mas os mexicanos não querem vendê-lo.

Os colonos americanos se organizam em milícias e expulsam a bala de suas terras os mexicanos, proclamando a república independente do Texas, que mais tarde se juntaria aos USA.

Se em conjunto com os ingleses, os norte-americanos fazem um acordo para assumirem o Estado do Óregon, o mesmo não ocorre com os desorganizados mexicanos, que vivem em intermináveis guerras internas e revoluções.

Os USA, não satisfeitos com o Texas, exigem o pagamento de milhões de dólares como indenizações por propriedades de americanos dentro do território mexicano que tinham sido destruídas em suas lutas internas, assim como por cada americano miliciano fuzilado após ter sido feito prisioneiro dos mexicanos, prática que os mexicanos adquiriram com os colonizadores.

Os USA aceitariam como pagamento indenizatório todos os territórios mexicanos acima do Rio Grande, aliás, os mais produtivos em agricultura e pecuária, entendendo que tais territórios fariam parte do já expropriado Texas.

Em seguida os USA tentam comprar dos mexicanos a Califórnia, cujas partes nortes e centrais já haviam sido invadidas por colonos, ditos pioneiros, num processo semelhante ao que ocorrera há duas décadas com o Texas.

Acontece que os mexicanos se recusaram a entregar aos US tanto os territórios ao norte de Rio Grande quanto a Califórnia.

Os norte-americanos enviaram tropas para ocupação militar, mas os mexicanos defenderam seu território. Os USA declararam guerra ao México.

As tropas americanas venceram o mal organizado, pouco disciplinado e pior armado exército mexicano e tomaram de assalto a capital, a cidade do México. Pelas armas os USA anexaram para si o Novo México, a Califórnia e todo o Oeste mexicano pouco povoado.

Com a invasão americana, a mais produtiva metade de todo o México passou a fazer parte dos USA, à ponta das baionetas. O governo mexicano foi obrigado, sob pena de fuzilamento, a firmar um tratado pelo qual ficava estabelecido que, em compensação pelos territórios anexados, o México receberia a ridícula quantidade de quinze milhões de dólares, restando-lhe a metade mais desértica de próprio território!

Vale à pena citarmos um trecho da carta escrita pelo racista W. Gilmore Simms, em resposta ao posicionamento do Senador James Hammond, contrário à pirataria anexadora:

“O senhor não deve discorrer contra a glória militar. A guerra é o principal elemento da civilização moderna e o nosso destino é a conquista. De fato, a partir do momento em que para de ampliar seus domínios, uma nação se torna presa de um vizinho inferior. Os mexicanos estão na situação daqueles que Deus busca enlouquecê-los para depois destruí-los. Fazem de tudo para nos obrigar a conquista-los e reduzi-los à sua verdadeira importância como um povo. Preste atenção, Senador, nosso povo jamais cederá uma só polegada daquilo que tenha sido conquistado pelas armas ou pela negociação. Tem sangue anglo-normando em demasia nas veias.”

O “Jovem América”, movimento supremacista dentro do Partido Democrata, através de seu líder, Stephen Douglas, defendia que, caso a oportunidade se oferecesse, os USA deveriam anexar todo o México, Cuba e demais países da América Central, em nome de Deus.

“Poderemos continuar a expandir-nos à medida que a população cresça e exija mais espaço vital, até fazermos de todo o continente uma república de limites oceânicos. Sob a égide deste princípio, os Estados Unidos podem cumprir essa grande missão, esse destino que Deus nos assinalou.”

A agressividade dos Estados Unidos, então, era tão grande que obrigou o Canadá a estabelecer defesas em toda a sua linha fronteiriça, em aliança com franceses e ingleses. Nos dias de hoje, Trump fala em anexação! Terminada a Guerra de Secessão, os USA compraram da Rússia o Alasca, adquiriram as ilhas Midway e estabeleceram bases navais no Havaí e em Samoa, com o objetivo de controle do Pacífico.

Em 1898, os US emitem um ultimatum para que a Espanha desocupe Cuba. Em seguida, forjam o afundamento do barco de guerra Maine. Preparam-se para a invasão da Ilha. Ao encontrarem resistência, a ilha é invadida e ocupada. Trezentos soldados americanos morrem em batalha, enquanto mais de 3 mil vítimas de febre-amarela também jamais deixariam o território invadido.

Em seguida, os USA tomam a ilha de Porto Rico, entrada estratégica da América Central e do Golfo do México, assim como as Ilhas Guam. Mais tarde, T. Roosevelt, então presidente, articulou uma rebelião no Panamá, que pertencia à Colômbia, com intenção de apossar-se do estreito que permitiria a conexão do Atlântico com o Pacífico.   E assim foi feito. O Panamá passou a ser um “protetorado” americano.

A seguir, os US invadiram e subjugaram o Haiti (que havia sido o primeiro país latino-americano a libertar seus escravos negros) e a República Dominicana.

Afinal. Quem são os verdadeiros criminosos, mesmo?

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